quarta-feira, 20 de julho de 2011

poeta Mário Gomes

Quem visita o centro da cidade de Fortaleza , especificamente na Praça do Ferreira certamente encontrará o poeta , boêmio e/ ou mendigo Mário Gomes. Mas quem é essa figura emblemática? De uma coisa tenho eu certeza: Ele é bem mais feliz que muitos de nós.

Veja esta poesia:

AÇÃO GIGANTESCA
Beijei a boca da noite
E engoli milhões de estrelas.
Fiquei iluminado.
Bebi toda a água do oceano.
Devorei as florestas.
A Humanidade ajoelhou-se aos meus pés,
Pensando que era a hora do Juízo Final.
Apertei, com as mãos, a terra,
Derretendo-a.
As aves em sua totalidade,
Voaram para o Além.
Os animais caíram do abismo espacial.
Dei uma gargalhada cínica
E fui descansar na primeira nuvem
Que passava naquele dia
Em que o sol me olhava assustadoramente.
Fui dormir o sono da eternidade.
E me acordei mil anos depois,
Por detrás do Universo."

Quer conhecer mais deste poeta, visite os blogs abaixo:



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UMA DISCUSSÃO SOBRE A MÍDIA

Confortar os aflitos e afligir os confortáveis

qua, 20/07/11 por milton.jung 

Por Carlos Magno Gibrail

… Ou confortar os menos favorecidos e desconfortar os mais abastados. É a função do jornalismo, idealizada por Finley P. Dunne, jornalista do século 19, lembrada pelo Estadão no sábado, ao comentar a queda dos tablóides ingleses.
Murdoch, o poderoso do 4º Poder, que até então vinha no mercado inglês dos tablóides deleitando as multidões com as intimidades e desgraças dos confortáveis, cometeu o erro definitivo ao desrespeitar o público que deveria servir. O NoW – News of the World – 2,8 milhões de exemplares, no afã de notícias, se intrometeu em investigação de britânicos comuns causando danos irreparáveis. Afligiu a quem deveria confortar e se viu aflitivo tendo sido obrigado ao fechamento e consequente demissões, que no domingo já tinham chegado até a Scotland Yard e envolvendo membros do governo.
Na segunda, o primeiro repórter do NoW a denunciar as escutas ilegais foi encontrado morto. Sean Hoare foi afastado por uso de bebidas e drogas, mas sua morte ainda é uma incógnita.
Ontem, enquanto Hoare era autopsiado, Murdoch conseguia uma audiência de final de Copa do Mundo ao depor no Parlamento com direito a sabão de barba no rosto.
Entre nós neste período assistimos ao Pão de Açúcar e ao BNDES entabulando negociações que geraram reação imediata da mídia, a tal ponto que em poucos dias a proposta era desfeita. As jornalistas do jornal da CBN Lucia Hipólito e Miriam Leitão em conversa com Milton Jung deram contribuições importantes.
Dilma Rousseff com a recente experiência do caso Palocci, nas primeiras manifestações dos jornalistas ao caso do ministério dos transportes, decidiu rápido e não houve pizza, houve demissões.
Diante destes fatos tão positivos quanto à ação do 4º Poder fica a pergunta: por que não se faz sempre assim?
Fernando de Barros e Silva, ontem na Folha, respondeu a pergunta de Juan Arias de “El País” que indagava: por que os brasileiros não reagem à corrupção?
Silva atribui ao bem estar geral e ao controle governamental de entidades que poderiam reivindicar acompanhamento e punições aos gestores públicos.
Tendo em vista o sucesso atual das ações do 4º Poder, sim, a imprensa, depois do executivo, do legislativo e do judiciário, tem poder equivalente e pode mudar o curso combatendo a corrupção. E ainda se der sorte consegue extraordinária audiência nas TVs, rádios, jornais, revistas, sites, blogs e, por que não, nos tablóides.
Carlos Magno Gibrail é doutor em marketing de moda e escreve às quartas no Blog do Mílton Jung.

UMA REFLEXÃO

06/07/2011 - 06h44

Receitas para explicar o mundo

Qualquer criança minimamente curiosa já deve ter se perguntado como se faziam as operações matemáticas na Roma antiga. Quem hoje sabe que V+V=X e XX-II=XVIII é porque fez a conversão de cabeça ou usou uma calculadora para ajudar. Por mais os números romanos sejam um código de fácil compreensão, sua operação não faz o menor sentido.
Nem poderiam. Na época em que foram usadas, essas letras-números não serviam para calcular. Quem perguntasse quanto valia X/V receberia um ar de estranheza tão grande quanto alguém que hoje perguntasse qual o valor de um J dividido por um H.
Durante muito tempo, em muitos países, números eram letras que, combinados, geravam palavras. Eles não serviam para fazer operações. Estas eram realizadas em ábacos, que usavam pedrinhas (em grego, calculi), presas a fios. O termo cálculo surgiu dessas primeiras calculadoras. Em Portugal, os ábacos eram feitos com um tipo de bijuteria, usada para fazer colares e cortinas de contas. E, naturalmente, contas.
A ideia simples e brilhante de inventar um novo tipo de símbolo operacional, usado tanto para mostrar um número quanto para calculá-lo surgiu no interior da Índia e foi, aos poucos, popularizada no império Persa. Lá pelo século VIII, em Bagdá, o astrônomo, geógrafo e matemático Abu Abdallah Muhammad al-Khwarizmi se empenhou na tradução e organização desses símbolos, ajudando a criar um sistema de números e posições que chamou de Álgebra, inspirado nos nomes de suas duas primeiras equações.
A contribuição de al-Khwarizmi foi (é) tão importante para o desenvolvimento da ciência que até hoje derivam de seu nome a palavra utilizada para descrever esse número operacional - algarismo - e também de outro termo que só se tornaria popular XIV séculos mais tarde: o algoritmo.
Algarismos e algoritmos trazem em sua natureza uma percepção que ajuda a compreender as forças que compõem o mundo e suas principais interações: um conjunto de regras e relacionamentos entre seus elementos. Muito mais simples e lógico do que um código místico, religioso ou hermético para explicar os mecanismos do universo, essa sintaxe lógica fundamentou o pensamento ocidental e o que hoje se conhece por tecnologia.
Faz sentido: qualquer cozinheiro sabe que um bolo bem feito não é resultado de um milagre ou do acaso, mas da combinação mensurada e cuidadosa de seus ingredientes, na quantidade e momento exatos. Uma receita, como uma partitura musical, pode sofrer variações múltiplas de tom e ênfase, mas em sua essência é um conjunto de instruções. Um algoritmo, enfim.
Por mais que a redução a funções e instruções possa soar mecânica, simplória e determinista, ela é exatamente o contrário. Se não há muito mérito em se reproduzir uma receita, criá-la ou modificá-la, mesmo que minimamente, são exemplos magníficos da criatividade humana.
Durante muito tempo físicos, astrônomos, químicos e cientistas em geral se empenharam em desenvolver fórmulas simbólicas para explicar o mundo. Segundo muitos, as divisões mais elevadas da matemática mostrariam uma linguagem avançada, impossível de ser expressa em palavras, que ajudaria na compreensão das enormes complexidades escondidas nos mecanismos do universo.
Hoje, que há redes de computadores com grande capacidade de cálculo por toda parte, percebe-se que o mundo é complexo demais para que seja explicado por fórmulas. Para compreendê-lo, novos pesquisadores propõem uma ciência que substitua as estruturas matemáticas por redes de instruções que, como o DNA, seriam ao mesmo tempo estruturadas e maleáveis.
A tecnologia que surgir dessa nova ciência é promissora: ela poderá fazer com que as máquinas parem de se comportar como crianças mimadas e passem a fazer sentido sem demandar tanta atenção. Seria ótimo.
Luli Radfahrer Luli Radfahrer é Ph.D. em Comunicação Digital pela ECA (Escola de Comunicações e Artes) da USP, onde é professor há 18 anos. Trabalha com internet desde 1994 e já foi diretor de algumas das maiores agências de publicidade do país. Hoje é consultor em inovação digital, com clientes no Brasil, Estados Unidos, Europa e Oriente Médio. Mantém um blog com seu nome www.luli.com.br, em que discute e analisa as principais tendências da tecnologia. Escreve quinzenalmente no caderno Tec da Folha e na Folha.com.