quinta-feira, 2 de junho de 2011

UMA LEITURA OPORTUNA PARA REFLEXÃO

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“Açeçores de imprenssa”

Por Luiz Antonio Mello em 28/05/2011 na edição 643

As empresas de assessoria de imprensa entraram num cio crônico pelo país todo e o que mais recebo diariamente são e-mails anunciando os mais variados produtos. De cirurgia restauradora de glande a peças de teatro. Tudo bem, sou acima de tudo um repórter, publico por aí o que é bom, enfim, tudo estaria as mil maravilhas se esses “açeçores de imprenssa” não resumissem essa seríssima atividade ao ato de passar e-mails.
Recentemente, quando trabalhei como repórter cultural na rádio Bandnews Fluminense FM, no Rio, recebia os mesmos e-mails. Volta e meia, posso afirmar sem susto que de 15 em 15 dias, ia um assessor de imprensa pessoalmente levando material para o trabalho, conversar sobre o “assessorado”, enfim, “vender o peixe” profissionalmente. Um repórter não quer nada, só notícias de qualidade. E os assessores sérios (são muitos) sabem disso, telefonam, vão às redações e, depois mandam e-mails. É assim que deveria funcionar.
No entanto, as assessorias de imprensa que vejo por aí não passam de uma montanha de spams lotando minha caixa de entrada do computador. Escrevo sobre cultura no portal Direto da Redaçãoe já recebi inúmeros telefonemas de bons assessores explicando, detalhando, enviando fotos em alta resolução de um artista, um CD, um DVD, uma peça de teatro, livros. Já a maioria (sem susto, 80%) mandam e-mails e tudo bem. Pior: nem se preocupam com o velho “caro Luiz Antonio”. Não se preocupam com nada. Enfiam o e-mail na caixa (a maioria com péssimo texto) e que se dane o avião.
A maioria nem lê os e-mails
O problema é que o avião se dana mesmo e quem acaba prejudicado é o bom cliente, o infeliz que paga para ter uma assessoria que na verdade funciona como “açeçoria”. Erros de concordância, apesar da cavalice complacente do MEC, são regras, e não exceções, nos textos que recebo de placebos jornalistas que nos tratam como caçambas de lixo.
Alerta vermelho! Não é uma questão só minha. Para escrever este texto para o Observatório da Imprensa liguei para pelo menos 10 coleguinhas que reclamaram do mesmo problema. Pior: a maioria deles nem lê os tais e-mails. Confesso que eu mesmo passo por cima de vários porque não valem a pena. Que coisa! Que tal trabalhar direito, camaradas?
Publicado no site www.observatoriodaimprensa.com.br