quarta-feira, 2 de junho de 2010

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Artigo

Como educar Fortaleza

Ma. do Socorro de Sousa Rodrigues
Doutora e mestre em Educação

01 Jun 2010 - 04h21min
O bom observador identifica, de cara, uma bela cidade pela limpeza das ruas, educação do povo, forma como são acolhidos os turistas, beleza da arquitetura, presença do verde nas praças, trânsito em harmonia, nível de poluição, silêncio em horas e lugares de silêncio, número de pedintes, qualidade das escolas e universidades, tipo de economia e nível de solidariedade do povo.

A "Fortaleza quase bela" ainda não é esse lugar. Padece de doença cultural grave. Parte do povo não possui boa educação, não importa a classe social. Fala-se alto, atende-se o celular em qualquer lugar, joga-se lixo pela janela. Quando a chuva chega, limpa os miasmas pestilentos do ar e amontoa a sujeira da educação do povo onde pode. Aqui acolá os "trambolhos" de um povo sem lei.

Em escolas e universidades, cadeiras quebradas e sujeira na sala. Nos banheiros públicos tudo reclama mudança. Catadores de resíduos sólidos nas ruas, o que fazer? Nos comícios, lá está o povo de "senso crítico" "intelectuais do lixo". Missa na Igreja de Fátima, o povo reza e peca contra a cidade. Ruas emporcalhadas. Corações se aliviam nas orações e mãos liberam a sujeira na rua. Não se leva "o ser cristão" para a vida. Mas como dizem, ir à igreja é obrigação cristã, e isso basta.

Fila, pouco se respeita. Lugar para cadeirante ainda é lenda. Idoso no ônibus "trambeca" e cai aos solavancos das ruas esburacadas. No trânsito, quanta solidariedade! Topic, bom exemplo! Cruzamentos fechados. Faixa branca ou amarela só se respeita na Beira Mar. Junte-se ao congestionamento da cidade os paredões de música estridente. Noite e dia é tudo igual. Que fazer?

Multá-los. Utilizar horários políticos no rádio e televisão para falar sobre isso. Fotografar atos impróprios das pessoas nas ruas. Repetir frases de efeito como: não suje a rua, trate bem as pessoas, dê a preferência, ajude a manter a cidade limpa, não buzine. Um bom repertório para o cotidiano de todos. Para educar Fortaleza é preciso falar sobre isso na Assembleia, nas escolas, nos templos, nos estádios, em bares, nas faculdades, no comércio, com amigos nas festas, no trabalho, na mesa com os filhos e na praia. É preciso mudar Fortaleza.