sábado, 26 de fevereiro de 2011

NOVIDADE NÃO MUITO BOA PARA O RÁDIO


sábado, 26 de fevereiro de 2011

RÁDIO. Reengenharia de canais, a novidade


Profissionais que atuam no rádio paulista estão apreensivos. Emissoras estão aderindo à reengenharia de canais e, com isso, alguns prefixos tendem simplesmente a ser meras retransmissoras de outras programações. A informação está no site da AdNews.

O Grupo Estado e a ESPN da Rádio Estadão ESPN, vão criar a Rádio Estadão-ESPN, que vai se hospedar na frequência da Rádio Eldorado, nos FM 92,9 e AM 700 de São Paulo. E o que é que isso representa?

Essa parece ser a tendência das emissoras que não conseguem equilíbrio financiero e elas fazem um 'arranjo' cortando despesas e, principalmente, a folha de pessoal. O site Rádio Base diz que mais da metade dos radialistas da Eldora vão ser demitidos.

"Além do mais fica a questão: pela lei, quando um radialista ou jornalista trabalha para mais de uma emissora de um mesmo proprietário na mesma cidade, ele tem o direito de receber um percentual sobre o salário, creio que 20%, por exercer dupla função.

Com a inauguração da "nefasta" "era do AM + FM" ou "reengenharia de canais de rádio" - para quem gosta de termos mais pomposos e eufemísticos - é de se supor que este regra continue valendo. Afinal, nada mais justo: CBN, Bandeirantes, Tupi (RJ), Globo (RJ), Itatiaia (MG), Gaúcha (RS), Guíaba (RS) e outras emissoras menos conhecidas se renderam à tentação de de ver a sua audiência e, consequentemente, também a sua receita duplicadas transmitindo a única programação em duas frequências simultâneas.

"Então, não seria interessante duplicar o salário de quem lhes traz esse lucro? Pelo menos é o que se espera de emissoras sérias e de nome respeitável no mercado, como é o caso das acima citadas", indaga Marco Ribeiro, do Rádio Base. 
FONTE: blog GENTE DE MIDIA

UM LIVRO SOBRE A RÁDIO ELDORADO

Para ouvidos especiais
Livro conta como a Eldorado AM e FM, com muito prestígio,
pouca audiência e baixa rentabilidade, tornou-se uma das emissoras mais cultuadas da cidade


Por Carlos Maranhão 01.10.2008

Fernando Moraes
João Lara Mesquita, 53 anos, músico, navegador e jornalista: dos prêmios de música à morte antecipada de Tancredo Neves

Para quem se acostumou com a mesmice da grande maioria das FMs brasileiras, eis uma lembrança que pode parecer fantasiosa. Já existiu em São Paulo uma emissora AM – naquele tempo chamada de ondas médias – tão sofisticada que tinha programas diários de música francesa, jazz e concertos, além de longos noticiosos e transmissões turfísticas. Tudo isso apresentado por locutores instruídos, de pronúncia impecável e formalíssimos a ponto de só trabalharem de terno e gravata. Era a Rádio Eldorado, fundada há cinqüenta anos pelo jornal O Estado de S. Paulo. Mais tarde, ela passou a transmitir também em FM. A emissora, que mudou bastante de perfil mas meio século depois ainda apresenta uma grade diferenciada, sempre teve prestígio inversamente proporcional à sua pequena e qualificada audiência.

Atrás dessa imagem requintada, porém, havia uma realidade bem menos glamourosa. Quando assumiu sua direção geral, em 1982, o paulistano João Lara Mesquita, um dos acionistas do Grupo Estado, descobriu coisas espantosas sobre a emissora da família. Ele relata que os funcionários ganhavam muito mal e alguns nunca iam trabalhar. A entrada da rádio, na Rua Major Quedinho, centro, era na saída da porta de lixo do antigo Hotel Jaraguá. Tinha mau cheiro e virou passagem de ratos. Todas as tardes, durante anos, até ficar doente e morrer, o compositor Adoniran Barbosa, autor de Saudosa Maloca, embora não fosse empregado da casa, ia até lá para tirar um cochilo num sofá, sem jamais ser importunado.

No surpreendente livro Eldorado, a Rádio Cidadã (Editora Terceiro Nome, 224 páginas, R$ 34,00), João Lara, como é mais conhecido, conta que estudava clarineta em Nova York, sem saber bem o que faria na vida, quando seu tio José Vieira de Carvalho Mesquita, o Juca, convidou-o para comandar a rádio. "Aquilo é um elefante branco, só dá prejuízo", disse-lhe o tio Juca. "A empresa está quase perdida. Só não nos peça dinheiro. Isso não vai ter!" Não tinha mesmo. Segundo afirma, entrou ganhando menos do que sua então namorada recebia como mesada do pai. Após uma década, ainda lhe pagavam "uma merreca". Mesmo com poucos recursos, ele conseguiu mudar a sisuda estação de rádio. Ela se tornaria cultuada e daria o que falar nos anos seguintes.

Entre outras iniciativas, ao lado de uma eficiente cobertura por helicóptero do trânsito paulistano, João Lara criou o Prêmio Eldorado de Música (o primeiro vencedor foi o hoje consagrado maestro Roberto Minczuk), o Prêmio Visa de MPB (revelou a cantora Mônica Salmaso e o violonista Yamandu Costa) e a louvável campanha para a despoluição do Rio Tietê (teve 1,2 milhão de assinaturas). Numa cruzada de ampla repercussão, batalhou pelo fim da obrigatoriedade da transmissão da chatíssima Voz do Brasil. Para rejuvenescer a audiência, a emissora passou a acompanhar esportes radicais e vela, uma de suas paixões. Lara cobriu pessoalmente uma das edições do rali Paris-Dacar e participou de outra como navegador. Em compensação, houve uma "barriga" fenomenal em sua gestão. Barriga é a gíria jornalística para o maior pesadelo que um órgão de imprensa pode sofrer: dar uma notícia falsa. A Rádio Eldorado, em abril de 1985, noticiou a morte do presidente eleito Tancredo Neves três dias antes que ela ocorresse. Dada sua grande credibilidade, a informação foi repetida pela BBC de Londres.

Fotos Reprodução







Ao lado, em 1988, o apresentador Jô Soares, que fazia um programa diário de jazz, com João Lara (centro) e o produtor José Nogueira Neto; abaixo, no relançamento da rádio, em 1982, o jornalista Ruy Mesquita (esq.), sua mulher, Laurita, e um de seus filhos, Rodrigo







Lara era um obcecado pelo que fazia. Selecionava pessoalmente, uma a uma, as 106 músicas tocadas durante a madrugada e aprovava todas as demais que a Eldorado FM transmitia (a Eldorado AM tem somente programas jornalísticos). Em sua casa, acompanhava o que era levado ao ar através de sete aparelhos que mantinha ligados, do quarto ao banheiro. Mas os resultados financeiros não apareciam. "Por mais que a Eldorado AM fizesse sucesso, a audiência não crescia", lamenta no livro. "O resultado era um baixo faturamento. No máximo, em alguns anos, empatávamos. Lucro, que é bom, nada." Em 2003, toda a sua família afastou-se do Grupo Estado e foi substituída por executivos profissionais. Do numeroso clã, ficou apenas o jornalista Ruy Mesquita, diretor de opinião do Estadão, responsável pelos mais sólidos editoriais da imprensa brasileira, pai de João Lara – que, longe dos estúdios, depois de passar quase dois anos velejando pelo Brasil inteiro, decidiu escrever sobre uma rádio que até hoje vale a pena ouvir.

Além da reportagem, a revista disponibilizou no site um especial com imagens e vinhetas da Eldorado. Confira:

VINHETAS
http://vejasaopaulo.abril.com.br/red/011008/radio-eldorado.html

GALERIA DE FOTOS
http://vejasaopaulo.abril.com.br/red/galerias_vejinha/radio-eldorad

Waldick Soriano - Tortura de Amor

O DESTAQUE QUE O RÁDIO MERECE

MÍDIA RADIOFÔNICA
O rádio merece destaque
Por Francisco Djacyr Silva de Souza em 22/2/2011
Normalmente temos certo desprezo ao papel do rádio na história e divulgação de sua importância em todos os setores da vida moderna. É cada vez mais premente a necessidade de abrir espaços para valorizar a história do rádio e resgatar histórias do mundo do rádio criando oportunidades de mostrar o que se passa nesse meio, debatendo seus problemas e fazendo uma apreciação crítica de tudo que lhe for referente. Temos organizações e grupos que privilegiam os outros meios de comunicação, não dando ao rádio a importância necessária e resgatando todos os aspectos que têm a ver com a história deste meio comunicativo. O rádio merece respeito e seus personagens precisam ser cada vez mais valorizados e enaltecidos em todos os setores da sociedade.
No momento atual, temos visto muitas mudanças neste meio de comunicação que precisam realmente ser feitas, pois como o suposto processo de globalização é preciso urgentemente criar novos modelos de comunicação, mas sem perder o glamour e a importância que sempre fizeram parte de seu processo histórico. O rádio é muito importante e sua história não deve esquecer grandes ícones deste meio de comunicação que fizeram a história através de suas ondas e de sua comunicação. Há uma necessidade firme de criar oportunidades e mecanismos de dar ao rádio o destaque necessário em todos os meios de comunicação. Vemos assim que nos jornais, revistas de circulação nacional e na televisão pouco se tem feito para divulgar o papel do rádio e sua importância.
A pouca divulgação da lutaA sociedade precisa se organizar fortemente para desenvolver ações no sentido de valorizar e enaltecer o rádio. A experiência nos mostra que o povo quando se organiza tem capacidade de mudar e desenvolver novas ideias, perspectivas e lutas. A luta pelo rádio de qualidade e de valorização de tudo que se referir ao meio rádio é extremamente plausível e importante para o crescimento deste meio em todos os sentidos. O rádio precisa de investimentos para se desenvolver junto aos outros meios de comunicação e alcançar fortemente a certeza de sua perpetuação com modernidade e desenvolvimento.
A luta pelo rádio vem sendo desencadeada há oito anos pela Associação de Ouvintes de Rádio do Ceará (AOUVIR), que tem promovido debates, visitas, exposições temáticas, criação do selo de qualidade do rádio, sempre no sentido de promover firmemente o papel do rádio e divulgar a luta pelo rádio e seu papel perante a sociedade. No entanto, um fato nos entristece, que é a pouca divulgação desta luta e a falta de espaços e parcerias para desenvolver um bom trabalho, visto que o grupo que hoje faz a Associação tem poucos recursos para desenvolver fielmente sua prática. Mas a luta continua em todos os aspectos, esperando sempre o apoio de quem é de direito e quer um rádio melhor.
O poder de refletir criticamenteA certeza de um rádio melhor e a luta pela sua eficiência em todos os sentidos é uma tarefa que será sempre perseguida por aqueles que gostam e referendam a importância deste meio de comunicação e precisa de agregação para o fortalecimento da missão de valorizar e promover um crescimento deste meio de comunicação para a prosperidade. O rádio precisa ser valorizado e acreditado, pois seu crescimento significa firmemente o crescimento da sociedade como um todo. Na luta por um rádio melhor, é preciso que todos aqueles que querem lutar e fazer com que o rádio cresça se unam com o grupo hoje organizado, e que tem ineditismo no Brasil, e procurem fortalecer a dinâmica do rádio e enaltecer seus personagens em todos os sentidos.
Para fortalecer esta luta, é importante procurar meios para isso e organizar em todo o país grupos que lutem pela programação de qualidade e pelo desenvolvimento do rádio como meio de comunicação e como instrumento ativo da sociedade que já provou sua importância, versatilidade e importância nos dias de hoje. A luta pelo rádio de qualidade é vital para gerarmos em nossa sociedade o poder de refletir criticamente sobre o mundo e oportunizar sempre o debate sobre o que se passa no mundo e quais os reflexos das transformações na vida de cada um de nós. É hora de valorizar o rádio em todos os sentidos e somente organizados seus usuários poderão melhorar e garantir o rádio como meio de comunicação forte, vitorioso e com participação ativa em nossa sociedade.

DECÁLGO DO BOM JORNALISTA - DO BLOG DESILUSÕES PERDIDAS

I. Tenha dúvidas. Quem consulta um dicionário não escreve “exceção” com SS. Verifique a informação com cuidado antes de publicá-la. Quem acha que sabe tudo só faz merda.

II. Por mais que o tempo seja escasso, isso não é desculpa para se acomodar. Corra atrás de histórias curiosas, personagens novos. Fuja dos clichês, das perguntas óbvias.

III. Seja bem-informado, o que não significa ser metido a intelectual. Cultura geral (a útil e a inútil) é essencial. Leia sobre geopolítica e sobre as rainhas de bateria do carnaval.

IV. Não deixe uma matéria importante morrer. Tenha sempre um desfibrilador jornalístico por perto. Desenterre fatos, faça uma exumação de denúncias que caíram no esquecimento.

V. Resista à tentação de viver apenas para ganhar matérias de capa e prêmios Esso. No fim, vamos todos acabar no mesmo lugar: a fila do seguro-desemprego.

VI. Esqueça essa bobagem de quarto poder. Quando o jornalista se acha muito acima do bem e do mal, perde o contato com a realidade. Saia da bolha e vá para a rua.

VII. Não deixe o medo te bloquear. Arrisque, siga seu faro, pergunte, insista, erre, acerte, mude, não tenha complexo de inferioridade. Nossa profissão não permite remorsos futuros.

VIII. Não confie em tudo o que você escuta de uma fonte. Você pode ser usado como repórter transmissor do vírus do boato. Quando o “furo” é grande, o bom jornalista desconfia.

IX. Viva cada dia de sua carreira jornalística como se fosse o último. Até porque, com tantos cortes de emprego nas redações, ele pode ser o último mesmo.

X. Não acredite 100% em decálogos ou qualquer tipo de cagação de regras, principalmente se criados por jornalistas desempregados e com muito álcool no sangue.