Diz a Bíblia que “se conhece a árvore pelo fruto” (Lucas 6, 43). Isso, no nosso Português, corresponde ao “conhece-se o autor pela obra”. Falamos assim depois que lemos, na internet, uma lista de parlamentares que nada fizeram na Câmara Federal. Receberam seus gordos salários sem comparecer sequer às sessões. Aí, lê-se uma relação dos que representaram os gastos mais inúteis do Congresso Nacional pela ausência de qualquer projeto, de qualquer trabalho, que justificassem seus mandatos.
Não é preciso repetir aqui os nomes dos faltosos, porque o País inteiro já os conhece. Os que são daqui da bancada cearense, o Ceará inteiro também já os conhece. De que adianta o eleitorado descarregar toda a votação nesse ou naquele candidato, se ele nada faz para corresponder à intenção e confiança dos que o elegeram? É essa contradição que vicia os políticos e distorce o sentido da eleição que tem como objetivo avaliar o compromisso e o trabalho do candidato em prol da população. A pessoa é eleita para servir e não para servir-se.
Mas o eleitor pode alegar que votou em tal candidato pelo seu discurso, pela inteligência, pelo seu poder de sedução. É aí que é preciso atentar para o que diz a Bíblia: “Conhece-se a árvore pelo fruto”, ou seja, pelo que ela produz, pelo que oferece de bom ao pomicultor, e não pelo seu exterior, pela copa densa, farta, mas completamente estéril. Não tem nenhum sentido prático, para quem vota, o falar bonito, o esbravejar, o barulho, o teatro de que se utiliza o candidato na hora de buscar o voto. O que pesa e o que interessa é a sua competência, o compromisso, a conduta moral e o trabalho.
Mas alguém pode alegar que é honesto, que tem ficha limpa, que nunca se envolveu em falcatruas, em escândalos políticos, em processos criminais. Ora, ser honesto é um dever de qualquer cidadão, mas também não é só isso. Ou alguém acha que é honesto ganhar altos salários e mordomias sem dar a contrapartida do seu trabalho? Receber, como prova de confiança, grandes votações, sem comparecer depois às sessões ordinárias, aos locais de trabalho, sem apresentar uma obra sequer, enquanto o trabalhador comum  é obrigado a assinar ponto e descontar no salário a falta que não justifique, conforme a lei?
A sociedade tem que repensar essas contradições, não pode se deixar ludibriar por esses falastrões das campanhas eleitorais e grandes ausentes do trabalho no exercício dos mandatos. Eles são os responsáveis por todas essas mazelas que tomam conta do serviço público e o tornam cada vez mais ineficaz, mais distante das reais necessidades das populações. São eles que tornam o Congresso Nacional, as Assembleias Estaduais e Câmaras Municipais os serviços mais caros e mais inúteis deste País. E eles não mudarão enquanto o eleitor não obrigá-los a  mudar pelo voto consciente.
PUBLICADO NO BLOG DA JANGA - www.jangadeiroonline.com.br