quinta-feira, 18 de julho de 2013

uma impressão sobre o rádio

Quinta-feira, 18 de Julho de 2013
O rádio sem futuro
Djacyr de Souza - Professor
A- A A+
É extremamente desolador a situação do rádio cearense pois vemos a cada dia a redução do papel que sempre teve na construção da cidadania e no quesito respeito ao ouvinte. Temos programas de boa qualidade sim, mas muitos destes são pasteurizados pelo interesse da política e da economia onde não há participação crítica do ouvinte e espetáculos de bajulação aos nomes que despontam na nossa cidade.
Por outro lado alguns programas são espetáculos de palavrões, piadas de duplo sentido e notícias que nada ou pouco tem a ver com a realidade em que vivemos. O rádio não tem aquele glamour da época antiga nem a perspectiva de interação que já é realidade em locais avançados e com maior desenvolvimento da comunicação.
Há casos em que os operadores e telefonistas tiram o telefone do gancho na hora dos programas para que a participação do ouvinte não ocorra o que denota duas situações: Em primeiro lugar cassação do direito de expressão e em segundo lugar medo que a críticas firam algum interesse dos supostos donos das rádios. Há também situações em que nos programas se utilizam vinhetas para chamarem ouvintes de “mala” que no jargão radiofônico é ouvinte que fala besteiras ou que fala demais.
O desrespeito ao ouvinte é uma tônica das rádios de Fortaleza que a cada dia não tem interesse algum em interatividade , respeito e co – participação na programação. Não sei o que temem, pois é claro que a pessoa que vai falar em um programa sabe com certeza das consequências do que faz.
Por outro lado a alternativa das rádios comunitárias, em Fortaleza, parece não surtir efeito quando vemos que a maioria delas é ligada a vereadores e arrendam sua programação a grupos religiosos e grandes empresários que obrigam até aos locutores a tocarem em seus programas músicas de seu interesse. Muitas dessas rádios têm associações fictícias e se houvessem interesse dos órgãos de fiscalização seriam fechadas por descumprirem abertamente a lei da radiodifusão comunitária. Pelo que vemos não há saída para a crise do rádio cearense, pois os grandes nomes do rádio estão se afastando o que pode trazer grandes perdas para  este combalido meio de comunicação. As rádios oficiais não dão chance a uma comunicação alternativa que dê ao povo a possibilidade de ouvir programas que falem sua linguagem e que lhe dê espaço para dizer o que pensa.
Diante deste quadro sentimos que o rádio cearense está sim em crise e que pouco ou nada pode ser feito, pois não há espaços para discussão , debate ou soluções para o problema. O rádio cearense está muito pobre e poucos tem interesse pela mudança pois muitas vezes o caos é muito benéfico para poucos que enriquecem na venda e troca de concessões. Estamos literalmente em um beco sem saída...
PUBLICADO NO JORNAL O ESTADO.