sexta-feira, 29 de julho de 2011

VEJA AÍ

O discotecário mais lindo da cidade

Para fechar a exposição exposição Purgatório Paraíso Inferno, o memorialista Nirez foi convidado e aceitou assumir o inesperado posto de DJ. A festa é neste sábado, entre as 15 e as 19 horas
29.07.2011| 01:30
Nirez: Nirez: "Eu vou levar e vou botar os sons para tocar no ambiente. Essa história de eu ser DJ vai ser uma enganação" (DIVULGAÇÃO)

Reza a cartilha (invisível e informal) da discotecagem que o disc jóquei tem que ficar com um olho no peixe, outro no gato. Quais sejam: um nos discos e outro na pista. As reações dela a cada faixa tocada é que vão oferecer caminhos para a continuidade, ou não, daquela batida. Bem, existem ainda os rebeldes. Seja por desinteresse, presunção ou praticidade, eles deixam o toca-discos (micro system, MP3 player, Ipod) à própria sorte. Com uma seleção prévia, das mais queridas, esses DJs chegam prontinhos para, também, aproveitar a festa. Caso esse do novato Miguel Ângelo Azevedo, o Nirez.

Nirez estreia como discotecário no mesmo dia em que a exposição Purgatório Paraíso Inferno chega ao fim – este sábado, das 15 às 19 horas, no Sobrado Dr. José Lourenço. A moçada que compõe o coletivo Monstra fez o convite. “Tinha que ser cara de pau pra dizer do que se tratava, quem era que tava envolvido, e esperar que o Nirez topasse”, explicou Jabson Rodrigues, um dos integrantes. “O Weaver (Lima) já conhecia o Nirez e pensou ‘todo DJ diz que está fazendo uma pesquisa musical... Pesquisador musical mesmo é o Nirez!’”, conta Franklin Stein. O convidado, por sua vez, não fez objeção. “Eu não posso negar nada ao Weaver porque é meu amigo particular e gente muito boa”, detalhou Nirez, para logo depois começar a rir.

Dono de um dos mais extensos acervos de discos de cera e de vinil no Brasil, Nirez é sabedor, como ninguém, das coisas dessa Capital. O pesquisador é também caprichoso com os limites das palavras. “DJ não toca nada, fica misturando”. Como ficou impossibilitado de levar o gramofone (que participa de outro evento) para o Sobrado, onde escuta sua coleção, ele vai levar um CD com MP3 mesmo, gravado em seu pequeno estúdio, dentro da sua casa no antigo Porangabussu. No dito estúdio, são dois computadores e programas diversos para reverter cera e vinil em ondas eletrônicas – tudo manuseado com habilidade pelo dono. “Eu vou levar e vou botar os sons para tocar no ambiente. Essa história de eu ser DJ vai ser uma enganação”, e começa a rir de novo.

Da seleção, ele não fala muito, mas sabe-se que são músicas oriundas de épocas e estilos diversos. Nirez também não se preocupa demasiadamente se as pessoas vão, ou não, dançar. “Vai ter até música que não são dançáveis, do tipo canções”. É provável que seja obra independente, sem conexões com os trabalhos da mostra, posto que Nirez ainda não viu a exposição. O coletivo fecha a temporada de dois meses e meio com saldo positivo. “Surgiram convites de pessoas que administram outros espaços de arte, para futuras exibições, artistas que visitaram também ficaram com boas impressões...”, coloca Jabson.

Alguns integrantes tiveram contato com possíveis compradores, enquanto outros fecharam venda. A exposição trouxe desenhos, ilustrações, pinturas em diferentes suportes, como grafite, escultura, fotografia e experimentações em vídeo. Trabalhos que traziam para dentro das salas do Sobrado um tanto de violência, outro de agressividade, e também candura e graça. O coletivo tem uma forte ligação com os quadrinhos e a arte pop, o que reverbera com força nas obras apresentadas. No mundo virtual, eles podem ser encontrados aqui: http://www.flickr.com/nucleoartz.

SERVIÇO

DJ NIREZ
O quê: Encerramento da exposição Purgatório Paraíso Inferno, do Coletivo Monstra
Quando: Amanhã, 30 de Julho, das 15 às 19 horas
Quanto: Entrada gratuita
Onde: Sobrado Dr. José Lourenço / Rua Major Facundo, nº 154 – Centro
Outras info.: 3101.8826/8827.
SAIBA MAIS

Nesses dois meses e meio em que ficou em cartaz, a exposição Purgatório Paraíso Inferno recebeu cerca de dois mil visitantes.

Fazem parte da mostra os artistas Everton Silva, Franklin Stein, Ise Araújo, Jabson Rodrigues, Lui Duarte, Mychel T.C., Saulo Tiago e Weaver Lima.

De fachada discreta, à rua Major Facundo, o Sobrado Dr. José Lourenço data da segunda metade do século XIX. Já foi residência, consultório médico, oficina de marcenaria, repartição pública, bordel.

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