ODAIR, O TERROR DOS INTOLERANTES
Por Pedro Alexandre Sanches
Trata-se de um canto de trabalho, daqueles que se parecem mais com as canções direitistas de Roberto Carlos que com as “work songs” mais à esquerda de Milton Nascimento, Edu Lobo ou Bob Dylan. “A sorte só ajuda quem trabalha”, declara o cantor, um goiano nascido em Morrinhos há 63 anos. Nostálgico, o narrador evoca “muitas vezes sem comer”, outras tantas sem dormir – não é jogo retórico, o autor de fato dormiu na rua quando chegou ao Rio de Janeiro, à procura do desejo de “misturar o meu destino com o destino desse povo”.
Odair José, que está de volta com um disco produzido pelo fã-músico Zeca Baleiro, conta e canta a própria história em primeira pessoa, na faixa homônima de abertura de Praça Tiradentes. Até vencer como operário da canção popular, Odair vagou pelo centro boêmio carioca, batalhando “pra não virar um vagabundo” – eis aí a motivação para o trabalho na música e as canções de trabalho guiadas por esse nosso “working class hero” (para tomar emprestado o título-mote de uma canção de um correlato inglês, o carpinteiro musical John Lennon).
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