quinta-feira, 31 de maio de 2012

um texto sobre Peixoto de Alencar - Grande nome do rádio cearense.


Histórias de Peixoto de Alencar

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 Nos idos de 1955, conheci Peixoto de Alencar, quando ele, jovem e atlético, foi a Quixeramobim, para o I Centenário do Município. Foi uma festa magnífica, que teve a coordenação de meu parente Ismael Pordeus, um homem de letras que hoje faz falta ao Ceará.
De todos os jornalistas e radialistas presentes, Peixoto foi o que mais chamou a atenção, por conta de seus mungangos e de suas brincadeiras sempre inofensivas, embora uma delas tenha despertado maior interesse da população: Peixoto conseguiu antecipar as comemorações em 15 minutos. Segundo o programa estabelecido por Ismael, o verdadeiro organizador e “dono da festa”, à meia-noite, todos os bares e restaurantes da cidade deveriam cerrar suas portas, no sentido de que a população de Quixeramobim - e também os convidados - se concentrassem na principal Praça da cidade – a Praça Comendador Garcia. Por ordem de Ismael, os bares e restaurantes só funcionariam a partir da meia-noite.
Que fez Peixoto de Alencar, diante daquela “exigência descabida” e da premente necessidade de “melar o bico”, como diz Assis Tavares?. Enquanto todos estudávamos um meio para resolver o “impasse”, Peixoto foi à luta. Conseguiu subir os degraus que levam à torre da Matriz e lá, com toda perícia – que certamente conseguira a esse respeito em Baturité, sua terra – adiantou os relógios da Matriz, fazendo-os soar quinze minutos antes e desencadeando as comemorações.
Com os sinos da Igreja batendo meia-noite e conforme o que estava programado, os trens da RVC e a única fábrica existente na cidade começaram a apitar, longamente. Outras igrejas badalaram seus sinos. O povo, na Praça, começou a dar vivas a Quixeramobim. E Peixoto de Alencar, lépido e fagueiro, nos 35 anos, senão menos, escorregou entre a multidão, como se nada tivesse com aquilo e se dirigiu a um bar, a essa altura já aberto.
- Cadê a cerveja ? perguntou para o Tito Fernandes, dono do restaurante, de quem já se torna amigo. “Bota cerveja pra todo mundo, que quem vai pagar essa rodada, é Peixoto de Alencar, quando fala o Ceará escuta.”
Muitos sabiam de quem se tratava, outros não. De idade menor do que Peixoto, me aproximei, me apresentei, ele tornou-se meu amigo e nunca mais deixamos de ser companheiros. Percorremos, depois, o Ceará inteiro e ele, sempre alegre, amigo companheiro. Nos tempos da Rádio Dragão do Mar, dizia, festejando a dupla que então formara comigo, que eu era, para ele, o Adelino Moreira e ele, o Nélson Gonçalves. Queria dizer, com isso, que eu escrevia e ele falava e era isso mesmo.
Peixoto de Alencar foi e é um grande profissional. O Ceará inteiro o conhece, o respeita e deseja que suba, ainda, muitas escadas para apressar novos centenários...
PUBLICADO NO JORNAL O ESTADO.

Um comentário:

Unknown disse...

Eu gostava demais quando ele falava na rádio e tinha uma gravação que dizia Peixoto de alencar! Quando ele fala, o Ceará escuta