Alô, turma de EJA"
No interior gaúcho, programa de rádio aperfeiçoa o desempenho escolar de jovens e adultos
Beatriz Vichessi (bvichessi@abril.com.br)
, de Venâncio Aires, RS
AUMENTE O SOM
No interior gaúcho, programa de rádio aperfeiçoa o desempenho escolar de jovens e adultos
Beatriz Vichessi (bvichessi@abril.com.br)
, de Venâncio Aires, RS
AUMENTE O SOM
Edgard Roquette-Pinto (1884-1954), pioneiro do radialismo brasileiro, acreditava que "o rádio é a escola dos que não têm escola". Ainda hoje, ele é uma das únicas fontes de informação nas regiões mais distantes. Para Claudia Lourenço, Joeci Gassen e Ionara Bencke, professoras de Venâncio Aires, a 130 quilômetros de Porto Alegre, porém, o veículo é uma importante ferramenta para os jovens e adultos que voltaram a frequentar as salas de aula (a maior parte deles depois de abandonar os estudos para ajudar a família nas lavouras de fumo). Por iniciativa das três, turmas de Educação de Jovens e Adultos (EJA) de quatro EMEFs - José Duarte de Macedo, Professora Odila Rosa Scherer, Cidade Nova e Dois Irmãos - se revezam para produzir reportagens e entrevistas e apresentar, ao vivo, o Nas Ondas da Educação, na Venâncio Aires 910 AM. O programa vai ao ar todas as quintas-feiras à noite e dura meia hora. Alunas do curso de formação continuada Mídias na Educação, oferecido pelo Ministério da Educação (MEC) e gerido pela Universidade Federal de Santa Maria, também no interior gaúcho, elas tinham de organizar um projeto como trabalho de conclusão do primeiro módulo. Resolveram, então, criar o programa com conteúdos trabalhados em sala de aula. No meio do caminho, perceberam que mais interessante ainda seria levar a ideia adiante. "Queríamos aplicar o que aprendemos criando oportunidades para nossos alunos", lembra Claudia, professora de Matemática. Acompanhada por Ionara e Joeci, que na época trabalhavam na coordenação pedagógica da Secretaria de Educação (e este ano voltam a lecionar), levaram a proposta aos colegas, aos estudantes e ao coordenador da emissora, que conseguiu o espaço fixo (e gratuito) na programação. O primeiro programa (produzido pela turma da José Duarte) foi ao ar no fim do ano passado. Desde então, foi montado um rodízio entre as escolas. A rotina é a mesma de muitas emissoras: pensar nos temas, aprovar as melhores ideias, gravar depoimentos, escrever reportagens e convidar gente para cantar. NOVA ESCOLA acompanhou um dos programas no início de fevereiro. Na véspera, os estudantes ensaiam tudo e fazem ajustes no texto e no ritmo de leitura. Na noite seguinte, ao entrar no prédio da emissora, a agricultora e aluna Mariléia Faleiro, 31 anos, assume outro papel. "Eu e Moacir Alves seremos os locutores", diz ela. Nodário Dornelles, 41 anos, também agricultor, assume o posto de comediante. Flávio Bergmann, 35 anos, caminhoneiro, sabendo que não conseguiria chegar a tempo para falar sobre sua profissão, optou por gravar um depoimento "para participar a distância". "O empenho de todos têm reflexos diretos na melhora da leitura em voz alta, na produção de textos e no interesse pelos temas que são trabalhados em sala de aula", comemora Lara Henn, professora que coordenou a apresentação. O sucesso da iniciativa está fazendo jus à potência das ondas do rádio. Claudiomiro Nunes, 35 anos, convidado a participar cantando duas músicas, decidiu voltar a estudar. "O grupo é unido e me contagiou." Agora, diz Joeci, é tempo de seguir fazendo barulho. "Vai ser melhor ainda quando pudermos incluir outras escolas e grêmios estudantis em nosso rodízio."
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