segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

O HOMEM DO BAÚ

Silvio Santos – 80 anos

“Fortaleza nem bem tinha conhecido a televisão quando São Paulo viu, pela primeira vez, na TV Paulista (atual Rede Globo), a imagem do locutor que desde os 14 anos de idade entoava sua voz nas rádios cariocas e paulistas. Em 1961, Silvio Santos iniciava sua história na televisão brasileira apresentando o programa Vamos brincar de forca, que em pouco tempo viraria uma febre televisiva. Era o primeiro passo de uma relação que tomaria dimensões, ate então, inimagináveis e que duraria até os dias de hoje. Chegando aos 80 anos neste domingo, a história de vida do apresentador batizado Senor Abravel se mistura à própria história da televisão brasileira e confunde o telespectador sobre o que é o homem e o que é personagem.
Até tornar-se o homem que faz aviõezinhos de dinheiro, o caminho foi longo e marcado por um dom especial para os negócios encontrado em poucos. Nascido em 12 de dezembro de 1930, no boêmio bairro da Lapa, no Rio de Janeiro, Senor Abravanel é o filho primogênito de Rebeca e Alberto Abravanel, um casal de imigrantes que se conheceu na capital carioca. Pai de seis filhas, o hoje Silvio Santos está casado pela segunda vez. Da primeira relação, com Maria Aparecida (Cidinha) – que morreu de câncer em 1977 – vieram Cíntia e Sílvia. Com a segunda esposa, Íris Abravanel, com quem é casado há mais de 30 anos, teve Daniela, Patrícia, Rebecca e Renata.
O codinome Silvio, segundo conta na biografia A fantástica história de Sílvio Santos, de Arlindo Silva, surgiu depois que o pai tentou registrá-lo com o nome de Dom, que para seu Alberto significava “senhor”. O nome, no entanto, não foi permitido e o pai decidiu pelo Senor Abravanel, que parecia com senhor. A mãe nunca aceitou esse nome e só lhe chamava de Sílvio. Um dia, durante a inscrição para um show de calouros, perguntaram-lhe o nome e ele respondeu “Silvio”. E sobrenome? “Santos, porque os santos ajudam”. A previsão estava certa.
Das ruas aos estúdios
Silvio cresceu vendo o pai tentar comercializar bugigangas para sustentar a família. E viu também quando ele perdeu tudo no jogo. Foi aí que o já falante e inquieto rapaz, então com 14 anos, se afastou da Escola de Contabilidade Santo Amaro Cavalcanti e foi “se virar”pela avenida Rio Branco, no Centro do Rio. Começou vendendo capinhas para título de eleitor. Viu um ambulante mais velho com os objetos e decidiu imitá-lo. Comprou duas capinhas e saiu dizendo que era a última. Vendeu. Repetiu a tática e voltou a vender tudo. “Dizem até que a moeda de 2 cruzeiros com a qual comprei a minha primeira carteirinha foi a moeda do Tio Patinhas”, brinca o apresentador.
Mas o dinheiro de verdade veio com a venda de canetas. Até números de mágica com moedas e baralhos ele passou a fazer para chamar atenção dos clientes. Em pouco tempo, Sílvio ganhava, por dia, o referente a cerca de cinco salários mínimos da época, trabalhando apenas das 11h ao meio-dia, horário de almoço do funcionário que fiscalizava os ambulantes. Um dia, ele perdeu a hora e o rapa bateu. Ao invés de levá-lo preso, o diretor de fiscalização da prefeitura entregou-lhe um cartão para que procurasse emprego de locutor na Rádio Guanabara. Ele foi, deu certo, mas um mês depois voltou a ser camelô.
A saída definitiva das ruas só viria com o ingresso no exército, com 18 anos, pois se o “rapa pegasse”, a cana militar seria mais dura. Na mesma época, voltou a ser locutor, desta vez, na Rádio Continental, em Niterói, para onde se dirigia de barca. Começava ali uma nova e promissora fase da vida do futuro empresário e apresentador, que, saído do comércio das ruas, construiu um império de mais de 30 empresas, entre as quais está o famoso Sistema Brasileiro de Televisão (SBT).
Aos 80 anos e com uma vitalidade invejável, Silvio Santos carrega uma história de superação e coragem que desde o mês passado vem sendo posta à prova de fogo. O empresário tenta reverter um rombo de R$ 2,5 bilhões causado por fraudes no banco PanAmericano, pertencente ao Grupo Silvio Santos. O empresário deu como garantia para obter empréstimo do Fundo Garantidor de Créditos (FGC) praticamente todo seu patrimônio empresarial. Entraram 44 empresas subordinadas à holding SS Participações, entre elas o SBT, sua participação no banco PanAmericano, a Jequiti, a Liderança Capitalização e o Baú da Felicidade. Muitos acreditam que desta vez seja a falência definitiva do empresário. Mas, hoje é um novo ano que começa para Silvio.”
(O POVO – Vida & Arte) - RETIRADO DO BLOG DO ELIOMAR

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