quinta-feira, 2 de setembro de 2010

LEIA E DIVULGUE

MÍDIA RADIOFÔNICA
O rádio que realmente merecemos
Por Francisco Djacyr Silva de Souza em 31/8/2010
O rádio que imaginamos é um rádio que valorize o cidadão e que seja usado no sentido de melhorar a sociedade com uma programação respeitosa, altruísta, plural e ética em todos os sentidos. No entanto, não é este o rádio que temos no momento, pois os grupos políticos, religiosos e econômicos têm se apoderado deste meio de comunicação e mandado mensagens deturpadas e completamente deslocadas do sentido da comunicação. O rádio tem grandes contribuições a dar para a construção da cidadania e mudança do sentido da vida de muitas pessoas, pois seu caráter de versatilidade e facilidade de comunicação faz com que chegue rápido e eficaz a todos os indivíduos. O grande problema é a mensagem que tem sido veiculada no rádio, que às vezes busca lavagem cerebral, venda de milagres, utilização política, destruição da pluralidade cultural de nosso povo e povoamento de programas com palavrões, desrespeito ao ouvinte e mensagens que não fazem parte do verdadeiro sentido da comunicação.
A grande pergunta é: por que o rádio tem sido tão vilipendiado em seu caráter comunicativo? A resposta correta é que falta aos seus usuários um processo organizativo que mude a situação deste meio, que exija respeito ao ouvinte, que questione o processo comunicativo via rádio. Há também necessidade de discutir o rádio em todos os setores da vida acadêmica com produção de textos, artigos e até teses sobre a importância do rádio e seu papel no cotidiano de milhões de usuários que às vezes têm no rádio a única maneira de conhecer o mundo em que vivemos. Sabemos que o rádio está presente em quase todas as residências e que, apesar da existência de outros meios de comunicação supostamente mais eficientes, o rádio ainda é o meio que faz parte da vida de pessoas de todas as classes sociais em seu dia-a-dia.
É preciso, sim, mudar o rádio e talvez o Poder Público tenha grande responsabilidade sobre este aspecto, considerando o caráter de concessão pública que este meio de comunicação é. É preciso que o Estado fiscalize o caráter das concessões e o uso que o mesmo tem em nossa sociedade. Há mecanismos que precisam ser utilizados para exigir o rádio como um instrumento de comunicação popular fazendo com que o povo tenha direito de ouvir um rádio plural e voltado para seus verdadeiros interesses. É preciso cassar concessões de rádio que hoje foram negociadas para grupos políticos e religiosos que não trazem contribuição alguma para a comunicação e para o bem dos indivíduos, pois vendem indulgências e não deixam que o rádio cumpra seu verdadeiro papel.
Pela dignidade e pluralismoO rádio que muitos querem não está sendo posto em prática neste momento, pois há interesses em jogo que não são os verdadeiros interesses da população em geral. O rádio precisa de gente que lute para que a comunicação seja respeitosa, pois há muito lixo sendo verbalizado na comunicação e não vemos até o momento nem seleção de conteúdos nem responsabilidade do Poder Público no sentido da mudança e da garantia de um processo comunicativo que realmente atenda aos interesses dos que querem o bem do rádio e da comunicação em geral.
O rádio precisa de muita luta para a mudança de seu caráter e para o fim das baixarias que são promovidas em comunicações que não levam a lugar algum e que só poluem a mente e os ouvidos de nosso povo. A comunicação verdadeira tem de fazer parte das emissões radiofônicas com ideias e ideais que precisam aglutinar o povo em prol da construção da cidadania plena e da formação de um conhecimento que seja realmente voltado para a melhoria da sociedade.
Um rádio ético e cidadão tem de ser incentivado e buscado por todos os membros da sociedade que ainda não se deu conta da importância do rádio e que muitos insistem em negar no momento em que permitem que este meio seja agredido com mensagens pornofônicas, com utilização para interesses políticos e com massificação de ideias religiosas que são em muitos dos casos enganosas e visam exclusivamente a vantagem econômica a partir de mensagens que não tem nada a ver com religião.
Precisamos mudar o rádio, mas a mudança só virar no momento em que haja um processo organizativo da sociedade em busca de um rádio melhor, mais digno e, sobretudo, plural em todos os sentidos.

publicado no site www.observatoriodaimprensa.com.br

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