domingo, 16 de outubro de 2011

Primeiro plano especial: como varrer a corrupção do Brasil - Chamada III

LUCAS LEITE - MATÉRIA MALUCO BELEZA.wmv

Lucas Leite é um excelente profissional do rádio que vem galgando êxito pelo seu profissionalismo e respeito ao ouvinte. Como é cearense não tem o mesmo espaço de uns tais "nariz de palhaço" e outros que vem chiando e destilam suas sandices no rádio. Os ouvintes às vezes até reclamam, mas o rádio não é deles infelizmente....Sem xenofobismo, mas na AM DO POVO/ CBN só tem lugar para quem chia?

sábado, 15 de outubro de 2011

LEIA E REFLITA

Observatório da Imprensa - 15 Anos Apoio: Fundação Ford

MÍDIA & FUTEBOL

O jogador e o boneco inflável

Por Francisco Fernandes Ladeira em 04/10/2011 na edição 662

A atual temporada do Campeonato Brasileiro de Futebol não está interessante. Pelo menos para o torcedor mineiro. Rodada após rodada, atleticanos, americanos e cruzeirenses veem seus respectivos clubes cada vez mais próximos da Série B. Outra característica negativa do presente certame é o baixo nível técnico dos jogadores, o que vem a ser consequência direta do grande fluxo de futebolistas brasileiros para clubes do exterior.
Entretanto, apesar dos problemas em campo, fora das quatro linhas dois personagens têm chamado a atenção: o boneco inflável João Sorrisão; e Loco Abreu, atacante uruguaio do Botafogo Futebol e Regatas.
Vamos ao primeiro personagem. João Sorrisão foi criado para acompanhar a música homônima (interpretada pelo grupo “Os Havaianos”)exibida durante o programa Esporte Espetacular, da Rede Globo de Televisão. A letra da música (de gosto duvidoso) reflete a decadência do mainstream musical no Brasil. Não obstante, o programa lançou uma campanha para os atletas dos times que disputam a Série A do futebol brasileiro: o jogador que fizer um gol e imitar (eufemismo para adestramento) o João Sorrisão, ganha um boneco do personagem.
Dito e feito. Vários jogadores, mimeticamente, passaram a adotar a escalafobética coreografia ao comemorar seus tentos. Obviamente, não se trata de nenhuma novidade, visto que boa parte da população brasileira está “acostumada” a ser manipulada pelos meios de comunicação de massa.
“Ter opinião é tabu”
Por outro lado, Sebastián “Loco” Abreu comprova que ainda existe “vida inteligente” no cenário esportivo. O artilheiro uruguaio, que tem curso superior (algo raríssimo entre os jogadores brasileiros, mas comum para atletas de outras nacionalidades), tem se destacado pelas entrevistas polêmicas. Em uma delas, ao ser questionado se participaria do quadro “Inacreditável Futebol Clube”(exibido no Fantástico) por ter perdido um “gol feito” na partida entre Botafogo e São Paulo, Loco foi enfático: “Realmente, o `Inacreditável Futebol Clube´ é uma bobagem que vocês têm para sacanear o jogador, mas só quem está lá dentro sabe como é difícil jogar futebol.”
Evidentemente, podemos concordar ou não com esta afirmação. Entretanto, poucos indivíduos têm a coragem suficiente para criticar publicamente a poderosa emissora da família Marinho. Após as declarações de Abreu, não faltaram comentários odiosos à atitude do centroavante botafoguense na imprensa especializada e nas redes sociais da internet. Em um meio acostumado a padronizações e a frases clichês em entrevistas, como é o mundo do futebol, ter “opinião própria” ainda causa certo estranhamento.
Infelizmente, essa postura passiva não impera apenas nos bastidores do secular esporte bretão. No Brasil, a maioria da população ainda prefere ser guiada intelectualmente por pensamentos metafísicos e alheios (atitude que Nietzsche qualificava como “instinto de rebanho”), a ter uma postura crítica e racional frente à realidade. Lembrando as palavras do cantor e compositor Lobão, em entrevista a um programa do Record News, “no país da fofoca, ter opinião é tabu”.

PAULO FREIRE REFLEXÕES -- COMO HOJE É DIA DO PROFESSOR..

-

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

UMA REFLEXÃO INTERESSANTE

Mídia

QUER SABER AS COISAS COM ATRASO? INFORME-SE PELA GRANDE IMPRENSA...


Celso Lungaretti
Num domingo sem notícia nova relevante (pelo menos segundo os parâmetros deste blogue), vou alongar um pouquinho o rescaldo do Caso Battisti. Só para constatar que meu post sabatino,
Se a Itália for mesmo a Haia, sairá de mãos abanando
, foi duas vezes confirmado pela grande mídia.Como vocês podem verificar, ele foi ao ar às 2h57 da madrugada, ou seja, antes dos jornalões disponibilizarem suas edições de sábado na internet  -- além de apenas condensar um artigo escrito pelo nosso bom Carlos Lungarzo cinco meses atrás.
 
O conhecimento que ele tem das cortes internacionais o levou a desmascarar o blefe do recurso ao Tribunal Internacional de Haia logo da primeira vez em que a Itália o colocou em circulação.
 
E, com meus meios, conclui que o Lungarzo estava certíssimo, então publiquei de imediato o artigo dele naquela época e voltei a citá-lo agora, sem o mínimo receio de antecipar que a Itália daria/dará com os burros n'água indo por tal caminho.
 
Mas, para a grande imprensa, o Lungarzo e eu não merecemos ser levados em conta num assunto de Direito Constitucional e Direito Internacional,  alegadamente  por não temos certificação nenhuma como especialistas nessas áreas, e  realmente  porque ela quer mesmo é calar ou minimizar o  outro lado  tanto quanto consiga fazer sem dar muito na vista...
 
[McCarthy e Nixon morreram, mas o macartismo e suas listas negras ainda não acabaram, pelo menos no Brasil.]
 
Nossa falta de  expertise certificada  não impede a grande mídia de ter estado sempre um ou vários passos atrás de nós ao longo de Caso Battisti. Praticamente todas as bolas que cantamos, resultaram. Quem acompanhou a nossa cobertura, soube sempre o que iria acontecer muito antes dos leitores de jornalões, revistonas e tevezonas.
 
E isto acaba de se repetir mais uma vez.
 
A Folha de S. Paulo foi atrás do professor de Direito Constitucional da FGV Direito-Rio, Joaquim Falcão, e o que ele escreveu? Isto:
"O caminho mais rápido para ir a Haia é o consensual. A Itália terá que provar que o Brasil aceitou antes este caminho. O tratado bilateral de extradição de criminosos, que fundamentou a decisão do Brasil, não prevê Haia.
 
Donde ou o Brasil voluntariamente aceita a competência do Tribunal de Haia, o que é pouco provável, ou a Itália encontra outro documento provando que o Brasil já aceitou ir a Haia.
 
Na convenção sobre os refugiados, o Brasil aceitou ir a Haia. O ex-ministro Tarso Genro concedeu refúgio, mas seu ato foi anulado. A decisão do presidente não foi com base na convenção de refugiado. Foi com base no tratado bilateral de extradição. Argumento contra argumento. Documento contra documento.
 
A Itália quer prorrogação no campo de Haia. Para o Brasil, o campeonato já se encerrou no campo do Supremo. E agora?
 
A estratégia jurídica de ir ou não a Haia será resultado de uma análise de risco político. Por um lado, a necessidade do polêmico governo italiano de se legitimar junto aos seus eleitores. Por outro, se for e Haia não aceitar o caso, indiretamente confirma-se a decisão do Brasil.
 
E, se aceitar, Haia provavelmente confirmará a decisão do Brasil. O governo italiano perderá. Em vez de protestar contra o Brasil, vão protestar contra Haia.  E la nave va".
A BBC Brasil também andou à cata de especialistas. Que, por outras palavras, bateram nas mesmíssimas teclas -- apesar de o segundo deles ter feito campanha cerrada contra Battisti durante todos estes anos, como escudeiro do linchador Mino Carta (como agora o que lhe pediam era uma avaliação, preferiu manter a douta pose...).
 
Eis o principal da matéria da BBC:
"O professor de Direito Internacional da Escola de Direito de São Paulo (Direito GV) Salem Nasser, no entanto, vê poucas chances da Itália efetivamente recorrer a Haia para obter a extradição de Battisti.
 
'Não parece que o que está em jogo seja suficiente para a Itália ir à corte', diz Nasser. 'O processo é muito desgastante, caro e longo.'
 
...segundo Nasser, dois países vão a julgamento em Haia somente se ambos aceitarem igualmente a jurisdição do Tribunal Internacional, algo que ele vê como pouco provável.
 
Esta aceitação seria compulsória caso o tratado de extradição entre Brasil e Itália previsse Haia como foro de arbitragem sobre conflitos envolvendo este acordo. No entanto, segundo o Itamaraty, o tratado não confere jurisdição ao Tribunal.
 
Segundo o jurista Wálter Fanganiello Maierovitch, o máximo que o Tribunal de Haia pode fazer é emitir uma declaração de que o Brasil descumpriu o tratado de extradição, caso assim o entenda - o que não obrigaria a entrega de Battisti à Itália.
 
'A Itália vai à Corte para cumprir uma agenda', afirma o jurista. 'Isso pode gerar um acordo entre os países, ou um pedido de desculpas por parte do Brasil, mas pra ter uma decisão com efeito vinculante, seria necessária uma aceitação pelo Brasil', diz.
 
'Agora, será que o governo brasileiro está disposto a sujeitar à Corte Internacional uma decisão tomada pelo seu presidente, referendada pelo Supremo? Acho pouco provável.'"
Resumo da opereta: a grande imprensa brasileira inteira deu ouvidos a mais uma fanfarronice da Itália, que provavelmente nem sequer se concretizará -- ou vai ser levada a cabo apenas para efeitos propagandísticos, sem a mais remota possibilidade de êxito.
 
E, claro, estas avaliações de especialistas serão lidas por poucos, mas a espuma que a Itália fez com seu papo furado, logo depois do anúncio da decisão do STF, atingiu contingentes muitíssimo mais amplos. 
 
Aqueles que se informam ligeiramente, foram induzidos a acreditar em bobagens; e gente desse tipo  não continua acompanhando o caso nos dias posteriores, quando surgem os desmentidos, com destaque bem menor.
 
Enfim, foi mais fácil para nós, um punhado de justos, obtermos uma vitória quase impossível, do que fazermos a verdade penetrar na cabeça da maioria mesmerizada pela imprensa canalha.
 
Mesmo assim, contando apenas com a minoria consciente que atingimos via internet, já estamos conseguindo ganhar quedas de braço contra reacionários de dois continentes e seu imenso poder de fogo.
 
O que mais faremos só depende de nós.  
 
Sejamos realistas, tentemos o impossível...
 
FONTE:http://www.patrialatina.com.br/editorias.php?idprog=a70145bf8b173e4496b554ce57969e24&cod=8164

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

maravilhas do mundo do rádio

11/10/2011 07h37 - Atualizado em 11/10/2011 11h36

Menino de 12 anos comanda programa de rádio no interior do CE

Alan apresenta um programa de rádio, gerencia gibiteca e é guia mirim.
Criança participa da Fundação Casa Grande em Nova Olinda, no Ceará.

Gabriela Alves Do G1 CE
Alan Cardoso é locutor do Som da Rua (Foto: Fundação Casa Grande/Divulgação) Alan Cardoso, na FM Casa Grande: ''Toco de tudo, mas não deixo de colocar reggae'' (Foto: Fundação Casa Grande/Divulgação)
O Dia das Crianças para Alan Cardoso dos Santos será de brincadeiras, mas também de muita responsabilidade. Nesta quarta-feira, o menino interrompe os festejos pela data às 14h para comandar o Som na Rua, programa que ele apresenta na rádio Casa Grande FM, de Nova Olinda (Ceará). “Aqui posso brincar e aprender coisas novas”, diz ele, que se diverte com os compromissos de adulto.
A emissora pertence a uma ONG (a Fundação Casa Grande) que mantém um museu e atende a 60 crianças  – entre elas Alan - com programas sobre história, comunicação, arte e turismo. Na Fundação, que funciona desde 1992, os pequenos aprendem, produzem e transmitem conteúdo.
Alan Cardoso na gibiteca da ONG Fundação Casa Grande (Foto: Fundação Casa Grande/Divulgação)Alan cuida da gibiteca da Fundação Casa
Grande (Foto: Fundação Casa Grande/Divulgação)
O garoto produz e apresenta o Som da Rua há seis meses. Em duas horas diárias de programa, Alan seleciona músicas de vários gêneros sem dispensar as preferências. “Toco de tudo, mas nunca deixo de colocar reggae”, confessa.
Alan também é guia do museu Memorial do Homem Kariri, gerente da Gibiteca (biblioteca de gibis) e integrante da equipe técnica do teatro da ONG, o Violeta Arraes. Para cumprir toda a agenda, durante a semana Alan fica meio período na Fundação por causa das aulas. No fins de semana e feriados, o menino diz que “corre” logo de manhã cedo e só volta para casa no fim da tarde.
Família
Faço amigos e sempre conheço pessoas e culturas de outros locais"
Alan Cardoso
Alan mora com os pais e três irmãos em Nova Olinda há 11 anos. A família veio de Itatim (Bahia) para o Ceará em busca de emprego. Atualmente, o pai trabalha como operador de máquina, e a mãe é dona de casa e ganha renda extra como lavadeira. O menino conta que a mãe confia quando o filho está na fundação. “Minha mãe acha melhor quando estou lá”, comenta.
“Entrei na Casa Grande por interesse e conta própria, ninguém me obrigou”. Talvez seja por isso que o menino também reforça que não se cansa da rotina de adulto e que tem muito tempo para as brincadeiras da idade também. “Faço amigos e sempre conheço pessoas e culturas de outros locais”, conta animado.
Sempre criança
O estudante do 8° ano da Escola Municipal Padre Cristiano Coelho diz ser um bom aluno, mas ainda não sabe que profissão seguir quando crescer. Sobre o futuro, o menino tem duas certezas. “Quero continuar na Casa Grande por muito tempo e, quando for 'grande', quero continuar me sentindo uma criança”, ressalta Alan, que pediu aos pais um presente "de gente grande": um relógio "de ponteiros".
FONTE: www.g1.com.br

veja esta entrevista de Juca Kfouri

02/10/2011 - 08h05

Juca Kfouri contra o feudalismo da bola

Publicidade
GUILHERME BRENDLER
DE SÃO PAULO
Que Juca kfouri, 61, é o mais radical crítico à Copa no Brasil em 2014 não é novidade. Seja em sua coluna na Folha, em seu programa na rádio CBN ou na TV a cabo (ESPN), são diárias as suas declarações contra a política da Fifa e à CBF de Ricardo Teixeira.
Na edição da revista "Interesse Nacional" [Ateliê, 86 págs., R$ 25], que chega às livrarias no dia 5 deste mês, Kfouri expõe suas razões em argumentação próxima à de artigo acadêmico, buscando a adesão de um público mais afeito às querelas diplomáticas ou da política partidária do que às do futebol.
Na edição anterior da mesma revista, publicada em abril, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso publicou o polêmico artigo que dizia que o PSDB deveria se aproximar da classe média e não disputar o "povão" com o PT.
"Se 10% do seleto público da revista passar a acompanhar as questões políticas do futebol, será maravilhoso", disse Kfouri à Folha. Na entrevista a seguir, concedida em sua casa, ele repassa alguns dos pontos do artigo "A Copa do Mundo é Nossa?" e não esconde a sua decepção com figuras como Lula, o PT e outros.
*
Folha - O que está em jogo para o Brasil na aprovação da Lei Geral da Copa, que define as regras para sediar o evento?
Juca Kfouri - Quando um país se candidata a um Mundial, ele já sabe que vai entregar a sua soberania. A isenção de impostos, os convidados VIPs, a possibilidade do marketing de emboscada, a bebida alcoólica no estádio. Tudo isso já está no caderno de encargos.
Na Alemanha, em 2008, com exceção da cidade de Dortmund, onde o Partido Verde brigou para cacete e conseguiu fazer com que se vendesse também a cerveja local, em todos os estádios era possível comprar apenas Budweiser. Isso é uma ofensa no país da cerveja servir aquele xixi de caveira.
Qual é o risco de o Brasil deixar de ser sede da Copa de 2014?
O risco que o Brasil corre é de a Fifa se arreglar com a Inglaterra, que está incomodando uma barbaridade, e entregar a Copa a eles.
Gostaria de ver isso. Já ocorreram desistências, como a Colômbia, que desistiu dois anos antes de realizar a Copa de 1986. Acho que o Brasil não vai desistir, mas a Fifa pode, sim, entregar a Copa do Mundo para a Inglaterra se o governo dificultar muito a vida deles.
Agora, devido às pretensões brasileiras de ter um lugar no Conselho de Segurança da ONU, é difícil imaginar que o Brasil deixe isso acontecer. Penso que a presidenta Dilma vai endurecer o quanto ela puder, mas cederá tudo aquilo que for inegociável para a Fifa.
A indicação do [deputado federal] Vicente Cândido (PT-SP) como relator da Lei Geral da Copa mostra que a presidenta não está com tão inflexível. Cândido é também vice-presidente da Federação Paulista de Futebol e sócio de Marco Polo del Nero, homem muito ligado a Ricardo Teixeira, presidente da CBF e do COL [Comitê Organizador Local da Copa do Mundo].
Eu exultaria se o Brasil mandasse a Fifa às favas. Seria uma demonstração de dignidade, de soberania. Acho que seria um exemplo e que dinamitaria a Fifa. Mas é óbvio que é tudo suposição. É muito difícil que isso ocorra.
Você está desiludido com a política do PT em relação ao futebol?
Já tive diversas desilusões na vida. Eu achava que o Lula romperia com esse pessoal do futebol. Hoje estou convencido de que o governo do PT não é um governo de rupturas, não faz rupturas. Eu vi o Lula dizer que nunca mais o jornalista Juca Kfouri diria que o torcedor no Brasil era tratado como gado, que "a presença dele aqui é uma homenagem a todos os jornalistas que foram processados, tiveram credenciais negadas por essa cartolagem que infelicita o Brasil". Isso foi em 2003, na assinatura do Estatuto do Torcedor, a primeira lei que ele assinou. Não havia um único cartola na cerimônia.
Seis meses depois, ele estava de braços dados com o Ricardo Teixeira naquele jogo no Haiti. Que foi lindo, uma história muito bonita. O poder de sedução da cartolagem brasileira é algo que não deve ser desprezado. Pergunte ao Ricardo Teixeira de quem ele gosta mais: do Lula ou do Fernando Henrique Cardoso?
Não é curioso? O Teixeira detesta o Fernando Henrique. Eles não têm uma foto juntos. No dia que voltaram da Ásia campeões do mundo, em 2002, o FHC condecorou o Ricardo Teixeira na sala dele, sem fotógrafo. Com o Lula tem um milhão de fotos, de braços dados, de camisa aberta, tomando cerveja, de todas as formas.
Você é um dos raros corintianos contra a construção do Itaquerão.
As pessoas me falam: "Você é contra o Itaquerão, pô! Que tipo de corintiano você é?". Não se está discutindo se o clube merece ou não um estádio. O que se discute é que a operação, em si, é um escândalo. Numa cidade como São Paulo você achar que um estádio como o Morumbi não serve para sediar seis ou sete jogos da Copa do Mundo no Brasil é loucura.
Se os alemães tivessem demolido o Allianz Arena, em Munique, tudo bem. Mas a Alemanha pode. Nós não. Cinquenta anos depois descobriram que o Morumbi não serve para jogo de futebol? Já se fez tudo que é competição aqui: final de Libertadores, eliminatórias de Copa, Mundial de Clubes da Fifa.
Mas seriam necessárias reformas.
Claro, o Morumbi não é o ideal, mas é factível. Como o Ellis Park foi factível para a Copa na África do Sul, em 2010. Agora, em Johannesburgo também cometeram excessos. Fizeram o Soccer City, a 4 km do Ellis Park, no Soweto. Qual era a justificativa: polo de desenvolvimento. Aqui, polo de desenvolvimento! [fazendo uma "banana"]. Vá lá ver se é polo de desenvolvimento. Os caras têm um monumento daqueles, mas não têm o que comer.
Na Cidade do Cabo fizeram um estádio maravilhoso, uma das coisas mais lindas que já vi. Mas desalojaram 4.000 famílias da região. Agora falam em demolir porque nunca mais ocuparam o estádio.
Vamos repetir isso no Recife, apesar de o Náutico ter dito que poderá usar o novo estádio. Mas e em Brasília, Cuiabá, Natal? Nem futebol profissional há por lá!
Então o Brasil não deveria nem ter pensado em sediar uma Copa?
Aí é que está. Deveria, sim. Mas para fazer uma Copa do Mundo do Brasil no Brasil. Não uma Copa do Mundo da Alemanha no Brasil. Claro que o Brasil pode fazer uma Copa, mas tem que fazer dentro das nossas possibilidades.
E qual o maior sentido que faria para o Brasil sediar um evento como esse? Os legados para as tais 12 sedes. Em Johannesburgo, por exemplo, eles ficaram com um aeroporto ótimo. Embora tenha sido inaugurado um dia depois do fim da Copa, está lá, e o povo sul-africano pode usufruir disso. Tem a linha do monotrilho que liga o aeroporto ao centro rico da cidade.
Esse tipo de investimento deveria ser feito aqui. Essa obsessão por novos estádios é uma reprodução, sem tirar nem pôr, do que se fez durante a ditadura militar. Os estádios brasileiros nunca tiveram sua capacidade máxima ocupada, têm 65% da capacidade ociosa nesse Campeonato Brasileiro.
Estamos construindo elefantes brancos, reproduzindo o que ocorreu durante a ditadura em um governo democrático, dito de esquerda, sob a égide do PC do B. Isso é uma loucura!
Foi o que ocorreu nos Jogos Pan-Americanos, no Rio, em 2007?
Quando criticávamos o que estava sendo feito em torno do Pan, diziam: "Esses jornalistas são maníacos por fracasso, são mal-humorados, antipatriotas etc.". Diziam que fariam o melhor Pan da história e deixariam três legados para o Rio: o metrô entre Jacarepaguá e a cidade olímpica, a despoluição da baía da Guanabara, da lagoa Rodrigo de Freitas.
Nenhuma dessas coisas foi feita. A ponto de um atleta do remo pescar um colchão durante a prova. Quem fez a maratona aquática saiu doente.
Mas os equipamentos esportivos ficarão para a Olimpíada, me diziam. Tem o Parque Aquático Maria Lenk, lindo, maravilhoso. Coisa de Primeiro Mundo. Aí vem o COI [Comitê Esportivo Internacional] e diz: infelizmente, a capacidade de público é aquém da que a gente exige em provas de natação. Então o Maria Lenk será usado no aquecimento das competições. Será preciso construir um novo centro para as provas oficiais.
A previsão inicial de gastos com o Pan era de R$ 400 milhões. Custou R$ 4 bilhões. E o TCU [Tribunal de Contas da União] diz que houve uma série de irregularidades, mas que esse é o preço do noviciado, que foi feito um evento desse porte. É brincadeira! Não estou falando da Copa de 1950. Me refiro a algo que ocorreu quatro anos atrás. Então, me dê uma razão para acreditar que vai ser bom, uma razão.
Você gostou do perfil de Ricardo Teixeira que a revista "Piauí" publicou na edição de julho?
Eu tirei o chapéu para a Daniela Pinheiro, que escreveu o texto. Ela inclusive me perguntou: "O que eu fiz de errado que você e ele gostaram?". [Risos] Eu disse que eu continuaria gostando, mas que ele não gostaria depois de um tempo. Hoje eu sei que ele não gosta mais porque já levou uma represália da Globo por causa da matéria.
Ele baixou as calças de um parceiro em praça pública. Isso tem um preço, evidentemente.
Ele é um ogro. O Ricardo Teixeira é um ogro. A reportagem é um retrato do que ele é. Um cara que vai a um restaurante cuja grande atração é um jardim, e ele senta de costas. A menos de 500 metros do hotel onde ele sempre se hospeda ficam os vitrais do Chagall, e ele nunca foi lá. O episódio do beliscão na filha. A história do casaco de pele que custa "só mil euros".
Passei anos juntando documentos, denunciando, mas nada foi tão demolidor quanto as frases dele. A reportagem mais demolidora contra o Ricardo Teixeira nesses anos todos foi a Daniela quem fez, usando só com as descrições do que ela viu e com as palavras dele. Apenas isso. Nada mais.
Você divide o seu artigo em primeiro tempo, intervalo, segundo tempo e prorrogação. Quem vencerá a disputa nos pênaltis?
Adoraria responder: "Nós, os brasileiros, os cidadãos brasileiros. Não a cartolagem". Vinte anos atrás eu te daria essa resposta, mas hoje eu sei que nesse filme de mocinho e bandido os bandidos ganham no fim. Raras têm sido as vezes em que os mocinhos ganham.
O professor Carlos Wainer, da UFRJ, usou uma expressão esses dias que eu nunca tive coragem de usar. Ele disse que o futebol brasileiro vive ainda no sistema feudal.
E é verdade. As federações são feudos, e os cartolas, senhores feudais. Embora estejam todos milionários, não têm dimensão do quanto podem tirar desta galinha dos ovos de ouro sem matá-la. Eles querem é raspar o tacho.
Fonte: www.folhaonline.com.br