OPINIÃO
Terça-feira, 01 de Julho de 2014
Luiz Cruz, vai faltar sua alegria
Djacyr de Souza - PROFESSOR
Não vou começar com o lugar comum do descanse em paz ou do que o céu vai ficar mais alegre, mas fica no peito uma tristeza de não ver mais sua alegria nem seu bordão do Will, Will, Will que dava ibope para a televisão que, em breve, vai lhe esquecer. Sua obra enfim merece muitos aplausos, e o que sentíamos é que tudo era feita com alegria e pouco interesse seja político ou econômico. Por que será que não deram um prédio condizente com sua Biblioteca Circulante? Talvez porque você não trocou isso por votos. Sua falta vai ser grande, os pacientes do IJF sentirão falta de sua alegria, dos cantores que você levava e dos livros que você distribuía com tanto amor e boa vontade. Surgirão outros iguais a você nesta sociedade consumista, egoísta e de troca de favores? Seu nome ficará, sua mensagem não será apagada, mas a tristeza de não conviver com seus turbantes, chapéus nos dará grande dor, pois a falta é sempre mal vinda.
A Biblioteca Circulante, ideia sua e mantida praticamente com seus recursos próprios numa cidade de políticos que sequer vão ao teatro, tem de ser perpetuada com apoio estatal para que não sucumba depois de sua falta, o que é simplesmente uma tristeza ver uma obra tão nobre ser desperdiçada. Quantos não conseguiram se formar pelas bolsas de estudo que você dava? Será que foram ao menos ao seu velório? O que nos alenta é que sua alegria vai ficar marcada nos tapes de televisão que poderiam pelo menos dar um especial em sua homenagem. Seu nome é nome marcante em nossa cultura e merece loas diversas em todos os sentidos. Sei que você não tinha grandes vaidades, suas atividades eram realizadas em carros emprestados e todas as suas festas tinham apoio de artistas que ainda não pensam só em dinheiro e ainda pensam no próximo.
Falar em Luiz Cruz é ter certeza de que uma marca ficará: a alegria de servir, o desejo de dar cultura a um país de ignorantes e aculturados; quantos livros não mudaram vidas, quantas revistas não serviram para amenizar dores de pacientes nos hospitais e quantos shows não fizeram alegria dos que convalesciam? Seu nome não deve ficar no esquecimento, as condições de sua morte têm de ser esclarecidas e a sua obra deve ser objeto de continuidade hoje e sempre. Resta agradecer ao grande Luiz Cruz que também fez programa de rádio de alta qualidade levando sempre músicas que davam alegria, reflexão e bom amor. Luiz Cruz era símbolo de cultura e seu nome tem de ser objeto de debate constante de nossa sociedade que tem de deixar de ser esquecida e aprender a cultuar nomes que merecem respeito e perpetuação sempre. É vital agora que tantos que foram beneficiados por sua ação franciscana pelo menos pensem neste homem, que representa o bem e o desejo de dar cultura a quem precisa. Esta deveria sim ser a sua homenagem, principalmente pelos prefeitos das cidades onde ele levou suas caravanas de leitura e emoção servil. O corpo vai, mas obra ficará sempre...Obrigado, Luiz Cruz, por ter existido....
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