OPINIÃO
Sexta-feira, 20 de Setembro de 2013
Por que o rádio não interessa?
Djacyr de Souza - PROFESSOR
Não queria ser pessimista em relação ao rádio, este velho companheiro de todas as horas, que acompanha minha vida diária, no carro, em casa e em muitos momentos que passo nesta grande magia que é viver. No entanto, sinto tristeza quando sinto o abandono por que tem passado este velho amigo até mesmo pelos que vivem dele e dele usufruem seus ganhos e salários. Todos os anos através da Associação de Ouvintes de Rádio do Ceará promovemos uma exposição temática sobre o rádio na qual tentamos passar a história do rádio, seus momentos e sua importância perante a sociedade e temos a triste constatação de que poucos se interessam por isso. Até mesmo radialistas, jornalistas, professores de cursos de rádio e gente da comunicação sequer perguntam sobre o que se passa e sobre o que acontece na exposição e seus desdobramentos.
Por que será que o rádio é tratado assim? Por que a história do rádio não interessa às pessoas do meio? Vejo situação de descaso deste meio, onde o que se dizem donos da emissoras estão preocupados exclusivamente com o faturamento do final do mês e por tudo isso acabam promovendo um sucateamento do meio onde vemos situações onde rádios não têm sequer atendente de telefone ou programadores para os programas em geral. Vemos absurdos, no rádio, como palavrões, simulações de cenas de sexo e até estímulo à violência que tem sido comum em programas voltados para torcidas de futebol. No rádio, vemos locutores que não vão ao estúdio e fazem programa de suas casas através do telefone o que denota seu desrespeito ao ouvinte e aos usuários da comunicação. Em outros casos, vemos rádios que utilizam uma vinheta que chama ouvintes de “mala” que no linguajar radiofônico é ouvinte inconveniente. Outros tem preocupação em divulgar sua vida, suas famílias e suas riquezas e não espaços para fazer cidadania através da interatividade que poderia ser um grande resgate do rádio.
O rádio estaria com seus dias contados? Como mudar as programações e atrair novos ouvintes? Como gerar um rádio mais viável economicamente? Com mudar os aspectos do rádio e dar – lhe um verdadeiro caráter de concessão pública? Acho que estas perguntas poderiam ser objeto de longo debate, de discussão, mas parece que o rádio não interessa a ninguém a não ser alguns loucos, que tentam se unir por um rádio democrático e respeitoso que no caso atual, em nossa Cidade, parece ser um grande crime fazendo com que estes loucos momentâneos sejam defenestrados, abandonados e objeto de zombaria nos bastidores das grandes rádios da Capital. O sentido do rádio precisa mudar, mas será que querem a mudança ou manter o caos é bom para alguns? Fica a reflexão que simplesmente não dará em nada, pois sem mobilização não iremos a lugar algum...
PUBLICADO NO JORNAL O ESTADO.
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