Não sei para onde o rádio vai da forma que vem sendo tratado pelos que o fazem, pois episódios de desrespeito aos ouvintes são constantes neste meio de comunicação. Recentemente tive uma prova disso quando visitei algumas emissoras e das cinco que visitei só fui bem tratado em duas – e olha que estava apenas querendo entregar convites para uma atividade que tinha como objetivo divulgar um pouco da história do rádio. Onde estamos, quando pessoas mortais se julgam semideuses colocando na porta das emissoras pessoas que não entendem a importância do rádio nem conhecem as pessoas que lutam para que o rádio melhore? Essa visão de prepotência e importância é falha para o rádio, sim, pois não conduz a nada e não leva a nada. Muitos acham que os ouvintes são pedintes e tratam os mesmos com indiferença e desconsideração, mas esta tática é comum em todas as empresas governadas por pessoas que não gostam do cheiro do povo.
No caso em questão, muitos dizem que estão em reunião (a velha reunião), que muitas vezes pode ser brincadeiras nas redes sociais ou mesmo conversa fora que nada tem a ver com o futuro da emissora. Vemos, então, que para eles os ouvintes não valem nada e que estão ali para ter destaque ou para querer aparecer, como muitos julgam. Não é por aí, pois uma visita pode significar muito para as pessoas que têm popularidade e simplicidade para conversar, debater e serem valorizadas. Neste caso eu ia apenas divulgar uma exposição que retrata os noventa anos do rádio e acho que isso seria de importância para eles – claro que não seria para porteiros e vigilantes, que sequer sabem o que é o rádio e sua importância e geralmente não conhecem as pessoas que militam no meio – mas a orientação de mentir e dizer que estão em reunião tem sido comum.
Insensibilidade e desrespeito
Esse tipo de comportamento nos deixa triste, pois sabemos que esta prática é comum no meio rádio, que infelizmente tem uma grande maioria que ainda não sabe da importância do ouvinte nem compreende seu papel em um meio de comunicação que une pessoas, que tem história e que deveria ser mais bem lembrado pelos que dele participam. Hoje em dia, o rádio não é apreciado pelos que o fazem e sabemos que muitos que o comandam sequer ouvem o mesmo para tentar analisar sua prática ou visibilizar seu alcance. Para muitos, o rádio é apenas uma máquina de gerar dinheiro e promover pessoas no mundo da política ou ser arrendado para uma Igreja S/A sem serventia social ou cultural.
O meio rádio precisa de pessoas que o entendam, que o respeitem, que o valorizem e que tenham a sensibilidade real para analisar bem seu papel na sociedade moderna, que se moderniza mas não moderniza relações onde cordialidade, respeito e consideração deveriam fazer parte do cotidiano de empresas e de vários setores da sociedade. O fato de terem me barrado nas famigeradas portarias não é isolado, pois quantas pessoas que têm muito a contribuir não são barradas por pessoas despreparadas e que não sabem o bem que tentamos fazer ao meio rádio? Mas se é assim, o que podemos fazer? Infelizmente, não se sabe o rumo do meio rádio com tanta insensibilidade e tanto desrespeito... Ah, esqueci de dizer o nome das emissoras, mas deixa pra lá, eles não vão se importar mesmo e tudo vai ficar como antes no quartel d’Abrantes... Que pena que seja assim!
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[Francisco Djacyr Silva de Souza, presidente da Associação de Ouvintes de Rádio do Ceará, Fortaleza, CE
PUBLICADO NO OBSERVATÓRIO DA IMPRENSA.
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