quarta-feira, 4 de abril de 2012

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“O rádio continua sendo mais instantâneo do que a internet”, conta Roberto Nonato

Luiz Gustavo Pacete 03/04/2012 14:30

Com mais de 20 anos de experiência no rádio, o jornalista Roberto Nonato praticamente fez parte da equipe que fundou a Rádio CBN. Chegou à emissora quando ela ainda era Excelsior. Transitou não só no jornalismo, mas também no entretenimento, atuando também na Antena 1. 

Atualmente, além de âncora da CBN, Nonato é apresentador do programa “Fato em Foco” na mesma emissora. Também é voz padrão da Rádio Globo e apresentou ao lado da diretora de jornalismo da CBN Mariza Tavares o extinto programa “Notícia em Foco” que discutia os desafios de cobertura da imprensa.

Luiz Gustavo Pacete
NONATO
Roberto Nonato
Pós-graduado em relações internacionais pela Fundação Escola de Sociologia e Política (Fesp), Nonato se sente à vontade no ramo da geopolítica. Tanto que o “Fato em Foco” surgiu de uma sugestão dada à direção da emissora para tratar de temas relacionados às relações do Brasil com outros países.

À IMPRENSA, Nonato fala sobre a importância do modelo “all news” – rádio de notícias 24 horas – para o radiojornalismo brasileiro.
 
IMPRENSA – Você praticamente fundou a CBN. O que o “all news” era e o que ele é?
Roberto Nonato – O “all news” foi um formato que assustou muita gente no início. Como assim? Falar de notícia o tempo todo? Vai ter espaço para isso? No começo, até nós profissionais nos preocupávamos em como suprir uma programação de notícias 24 horas. Mas ao mesmo tempo, essa forma foi dando muito certo, principalmente em grandes coberturas como o Impeachment do Collor e a CPI dos anões. Isso tudo acabou gerando uma credibilidade maior para a rádio mostrando que era possível fazer uma cobertura “all news”.

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Depois chegaram as novas mídias. No que isso mudou?
Com as novas mídias houve um impulso fantástico. Você passa a ter contato com o mundo e com seus ouvintes “full time”. Começa a não ter espaço para tanta informação, é o contrário. E aí você precisa fazer um belo trabalho de edição para colocar no ar o que é interessante.  Além da proximidade com o ouvinte que ajuda bastante o rádio.

Essa proximidade com os ouvintes contribuiu para a criação de novos formatos?
Essa resposta do público, que antes era apenas por telefone e carta, passa a ser imediata. É como se eu estivesse conversando. São muitos os canais que agora temos com os ouvintes. Muitas vezes você é corrigido de algum equívoco ainda no ar. E naturalmente, essa proximidade fez com que novos formatos de programas fossem surgindo. É algo dinâmico. 

Com a popularização do “all news” as rádios musicais aumentaram a programação jornalística?
Eu percebi que alguns empresários das musicais começaram a entender que com o jornalismo eles teriam mais credibilidade para sua emissora e, consequentemente, maior faturamento comercial. Mais anunciantes fazendo mescla de música e notícia. Sem dúvida isso aconteceu pela influência das rádios “all news”.
  
Qual foi o motivo do fim do "Notícia em Foco"?
Nós encerramos o programa esse ano. Isso tem muito a ver com a “Voz do Brasil”, que com a queda de uma liminar que tínhamos, passou a ser veiculada às 19h. Desde então, o programa ficou somente na internet e era reprisado aos sábados. Mas ele cumpriu seu papel de discutir o jornalismo. É óbvio que o fato de não estar no “dial” diminui o impacto, mas entendemos que ele já tinha cumprido sua missão. Agora, a ideia é que ele volte, mas como edição especial, quando tenha algo relevante para ser debatido.  

Dentro dessa discussão sobre a imprensa como você definiria o momento do rádio?
Conversando com tanta gente de tantas editorias e mídias, eu chego à definição de que nenhuma mídia vai desparecer. Fala-se muito do jornal, mas talvez o jornal mude apenas seu formato e seu papel entre outras plataformas. Muito se falou do rádio quando a TV chegou, mas ele continua aí e agora ganhou fôlego com a internet. As mídias se complementam. Claro que agora você tem o auxílio da internet, e ao mesmo tempo, o rádio continua absolutamente instantâneo, mais rápido ainda do que a própria internet. 

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