De repente, a "mídia" torna-se boa
11.08.2011| 01:30
Plínio Bortolotti - Diretor Institucional do Grupo de Comunicação O POVO
plinio@opovo.com.br O esporte preferido de governantes - e de uma certa turma de áulicos - é criticar a imprensa; criticar não, o que seria até saudável, mas atacá-la, desancá-la com um mal em si. Inventou-se até uma sigla para fazer referência aos meios de comunicação, o “PIG” (partido da imprensa golpista), no qual se atiram todos os meios que não rezam pela cartilha de uma certa esquerda, que costumava ser oposição.
Ficando aqui pelo Ceará, o governador Cid Gomes (PSB) já fez questão de desdenhar dos jornais dizendo que não os lia (talvez por isso tenha demorado algum tempo para manifestar-se no caso do “escândalo dos banheiros”). A prefeita de Fortaleza, Luizianne Lins (PT), escuda-se em sua condição de professora do curso de Comunicação da Universidade Federal do Ceará (UFC) para distribuir lições de jornalismo.
Obviamente, não estou dizendo que a imprensa nunca erra; que sempre apura tudo corretamente - e que toda a mídia age sempre com correção. E, muito menos, que esteja acima de críticas.
Mas, a quem se dispõe a fazê-la, sugere-se um mínimo de coerência.
Pois, na visão de alguns críticos que usam antolhos, basta um leve agrado para que o vilão vire mocinho, pelo menos momentaneamente. A “mídia” passa, imediatamente, a certificadora da “verdade” quando publica algo a gosto do mandatário, seja
realidade ou não.
Foi o que aconteceu com a matéria da revista “Isto É” desta semana, destacando alguns aspectos da gestão de Luizianne Lins, apresentados como positivos. A prefeita, que é minha colega de publicação neste espaço, escreveu artigo na terça-feira com o singelo título “Isto é verdade”, batendo palmas para a revista.
O dilema que esses “críticos da mídia” têm de resolver, portanto, é se vão manter a classificação de “PIG” para a imprensa ou serão seletivos a cada vez que algumas publicações, qual espelho, refletirem a sua imagem.
Fonte: JORNAL O POVO
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