sábado, 5 de fevereiro de 2011

UM TEXTO PARA REFLEXÃO

MV BILL: MÚSICA, DEMOCRACIA E NEGÓCIOS SOCIAIS

Há tempos que a indústria da música, em particular a das multinacionais, agoniza diante do fenômeno da pirataria — uma situação causada pelos preços extorsivos agregados a um CD que sai da fábrica, na pior das hipóteses, por R$ 2,50.
Se os grandes nomes da música sentiram o impacto desse processo, imaginem os artistas que vivem sem apoio e suporte das grandes gravadoras. E agora, com o advento da internet, cresceu expressivamente o que eu prefiro chamar de “genéricos musicais".
Recentemente, o rapper MV Bill tomou uma iniciativa que, a meu ver, aponta para uma mudança de paradigma nesse cenário de agonia e crise. Seu mais novo CD, “Causa & Efeito”, está sendo vendido por R$ 5, ou seja, quase o mesmo preço dos CDs "genéricos", popularmente conhecidos como "piratas".
Algumas questões tornam-se interessantes com essa ação pioneira: uma delas é a democratização do CD com sua qualidade de fábrica. Isso aproxima Bill, musicalmente, ainda mais do seu público, já que sua militância social dispensa comentários.
A outra novidade é ressignificar e ampliar o papel do produto CD, facilitando o acesso a ele. Logo, mais pessoas terão acesso à música, o artista não terá prejuízos e crescerá a demanda por seus shows — que tanto na performance artística quanto na qualidade musical mostram nível de qualidade na média do mainstream do show business.
A ação de Bill é um divisor de águas nesse momento de crise do mercado fonográfico. Para conferir o que falo, basta acompanhar o twitter do músico — @mvbill —, onde a maioria dos comentários revela a aceitação popular e o sucesso da sua iniciativa, que faz com que o público saia do papel de mero consumidor do seu CD para ser protagonista e entusiasta de um movimento pelo preço justo na indústria do disco e pela democratização do acesso à música.
Sugiro que MV Bill, como tem feito em sua trajetória na CUFA, possibilitando a visibilidade de setores invisíveis e criminalizados na sociedade, articule-se com os sindicatos e/ou entidades representativas dos mesmos, para promover a venda direta dos CDs originais. Estará, assim, promovendo a inclusão social e a transformação do estigma em carisma.
Envie agora um email para a produção do artista, pedindo algumas caixas de CDs para repassar aos interessados aqui no Ceará. Para minha tristeza pessoal, porém felicidade coletiva, a atendente informa que esgotou-se o estoque, e assim que o repuserem me informarão.

(Preto Zezé)

Publicado no site www.cufa.org.br

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