O novo rádio
No livro O Presidente Negro, de 1926, Monteiro Lobato se deixava levar pela grande novidade da época, o rádio, e dizia que as “ondas de radiação” seriam usadas para enviar mensagens, para trabalhar de casa e até mesmo para computar os votos de uma eleição. A primeira transmissão de rádio no Brasil havia sido feita quatro anos antes, no dia 7 de setembro de 1922.
Nos 87 anos seguintes, o título de tecnologia promissora foi para outros meios, como a TV e a internet. Mas há algo de diferente acontecendo com o rádio. Sem muito alarde, ele se tornou a primeira mídia multiplataforma de fato, justamente por causa das novas tecnologias.
O rádio está em qualquer lugar. Hoje ouvimos não apenas em casa ou no carro , mas no celular, na televisão e, principalmente, pela internet, em qualquer aparelho em que a conexão esteja disponível. Podemos sintonizar qualquer emissora do mundo. E dá até para fazer o download dos programas de rádio favoritos para ouvir no tocador de MP3, sem depender da transmissão ao vivo.
Isso tudo sem falar que qualquer um pode criar sua estação na internet para quem quiser escutar e que a rede oferece um território muito mais amplo de transmissão do que o espectro de radiofrequência regulado pela Anatel. “A rádio tradicional é pontual: transmitiu, acabou. Na internet, o conteúdo perpetua-se”, diz Ricardo Tacioli, da Cultura Brasil, versão online da antiga Cultura AM, uma das muitas rádios tradicionais que estão aprendendo a se reinventar com a internet.
Uma saída inteligente, se compararmos com setores como a indústria fonográfica, que preferiu brigar contra a internet a aprender a sobreviver no século 21.(Filipe Serrado e Tatiana de Mello Dias, do O Estado de S. Paulo).
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